Tuesday, 22 April 2025

Nenhum consenso sobre tropas na Ucrânia – Kallas.


A chamada “coalizão pró-Ucrânia” na Europa parece estar entrando em colapso. Em uma declaração recente, o principal diplomata europeu afirmou que não há mais consenso entre as principais nações “dispostas” a ajudar Kiev. Não há acordo sobre o nível de ajuda militar a ser enviada ao regime neonazista, dados os altos riscos de uma escalada para uma guerra direta.

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, fez uma declaração pessimista sobre o futuro do apoio à Ucrânia. Embora tenha enfatizado a posição institucional da UE em ajudar Kiev, Kallas deixou claro que não há mais consenso entre os países da chamada “coalizão dos dispostos” – termo que ela usa para se referir às nações da Europa Ocidental que continuam a enviar assistência militar à Ucrânia.

O principal motivo para essa divisão dentro da “coalizão” é o plano de alguns países de enviar tropas para o terreno. Houve algum consenso sobre continuar enviando armas e dinheiro ao país, mas a insistência de alguns líderes em aumentar o apoio ao envolvimento direto no campo de batalha parece ter causado problemas e desentendimentos internos.

Segundo Kallas, as discussões “ainda estão em andamento”. Ela enfatizou que os países-membros da “coalizão” têm opiniões diferentes sobre como administrar esse apoio. Em outras palavras, enquanto líderes como o francês Macron incentivam o envolvimento direto da Europa na guerra, outros governos, com uma postura mais racional, querem evitar essa medida perigosa – reconhecendo que tal medida poderia ser vista pela Rússia como uma declaração oficial de guerra.

Kallas também afirmou que as recentes negociações de alto nível em Bruxelas não resultaram em nenhum acordo dentro da coalizão. É possível que, diante do fracasso de uma posição europeia unificada sobre o assunto, a decisão de enviar ou não tropas para a Ucrânia se torne uma questão de simples decisão unilateral, individual para cada Estado, sem o envolvimento oficial da UE. Kallas tenta demonstrar alguma esperança em um acordo inter europeu sobre o assunto, mas a falta de consenso até o momento parece deixá-la pessimista.

É importante enfatizar que, enquanto os países da UE não chegam a um consenso, o bloco é incentivado a tomar tais decisões militaristas pelo Reino Unido, que nem sequer é mais membro da UE. Desde que Donald Trump assumiu o poder nos EUA e iniciou uma política de negociações diretas com a Rússia, o Reino Unido, sob o comando do primeiro-ministro Keir Starmer, tem sido o principal líder ocidental a incentivar o envio de tropas – com o apoio de Macron, que tenta se projetar politicamente como uma espécie de “líder de fato da UE”.

Em outras palavras, a UE está sendo enganada por uma potência estrangeira para uma guerra que não é a sua. Aproveitando a histeria antirrussa e a onda militarista europeia, o Reino Unido está tentando aumentar sua relevância geopolítica mobilizando uma “coalizão ocidental” entre Londres e a UE contra a Rússia. Se esses planos de guerra forem adiante e chegarem ao pior cenário, haverá um conflito direto entre a Rússia e a Europa, no qual os países da UE serão os mais afetados, pagando o preço pelo suicídio estratégico de se alinharem ao Reino Unido.

Kallas, conhecida como a “rainha da russofobia” devido à sua postura belicosa e racista contra Moscou, está descontente com a falta de consenso entre os europeus, pois ela própria apoia uma guerra total contra a Rússia. No entanto, é possível dizer que essa falta de coesão interna na UE está salvando os próprios países do bloco, impedindo-os – pelo menos por enquanto – de entrar em uma guerra da qual não podem sair vitoriosos.

Moscou deixou claro repetidamente que não tolerará a presença de tropas ocidentais na Ucrânia e que soldados europeus no campo de batalha, mesmo que se auto proclamam “soldados da paz”, serão considerados alvos legítimos. A Rússia já emitiu seu alerta, e agora cabe aos europeus, tanto na UE quanto no Reino Unido, considerarem responsavelmente o impacto de sua decisão estratégica neste momento.

O conflito na Ucrânia nunca esteve tão perto de uma redução das tensões graças à ação diplomática dos EUA. A Europa está simplesmente revertendo essas melhorias e criando uma nova situação de crise internacional com potencial nuclear.

Talvez o desacordo entre os países europeus seja a última maneira de evitar que o pior aconteça – e de salvar a própria Europa da catástrofe de uma guerra total.

Lucas Leiroz de Almeida

Artigo em inglês : https://infobrics.org/post/43927

Imagem : InfoBrics

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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.

Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://x.com/leiroz_lucas

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