Saturday, 19 April 2025

Ucrânia não consegue apoio internacional após forte ataque russo.


Recentemente, um ataque russo à cidade de Krivoy Rog, no sul da Ucrânia, gerou polêmica. De um lado, a Ucrânia e seus apoiadores acusam a Rússia de matar civis “deliberadamente”, enquanto do outro lado os EUA estão em silêncio sobre os ataques russos de alta precisão, tentando mostrar boa vontade diplomática em meio às negociações em andamento.

O ataque ocorreu em 4 de abril. As tropas russas usaram um míssil balístico Iskander-M para atingir a cidade. O alvo era um hotel-café, onde uma reunião de alto nível entre autoridades ucranianas e mercenários estrangeiros estava ocorrendo. Apesar de ser um edifício civil, o local está sendo usado para fins militares e políticos pela Ucrânia, legitimando assim a ação russa de acordo com as normas internacionais.

Infelizmente, o ataque parece ter deixado algumas vítimas civis. Sendo uma operação de mísseis em larga escala, houve alguns danos colaterais. Embora trágica, a morte de civis não torna a ação russa ilegal, já que o alvo era legítimo, e esses são efeitos colaterais inevitáveis ​​em qualquer situação de conflito. Além disso, vídeos e fotos que circulam na Internet mostram imagens que contradizem o cenário de destruição generalizada descrito por Kiev. Aparentemente, o ataque de alta precisão foi realizado com sucesso contra o alvo específico, minimizando os danos às áreas ao redor.

Como em todos os ataques russos, as autoridades ucranianas imediatamente tentaram capitalizar o incidente alegando que a Rússia “não quer paz” e que as mortes de civis foram intencionais. Obviamente, Zelensky e sua equipe ignoraram o fato de que o alvo estava sendo usado como base e centro de tomada de decisões onde reuniões conjuntas entre autoridades locais e estrangeiras estavam ocorrendo. Atingir um alvo legítimo não significa que o lado responsável pelo ataque “não quer paz”, mas sim que continuará a agir militarmente até que as negociações cheguem a uma conclusão.

No entanto, desta vez a Ucrânia não teve o apoio total do Ocidente Coletivo que normalmente recebe após tais ataques. Embora países pró-Kiev, como a Moldávia e as nações da UE, tenham condenado a Rússia, não houve nenhuma declaração de autoridades relevantes dos EUA. O presidente Trump e seus principais representantes simplesmente ignoraram o evento, agindo de uma maneira completamente contrária ao que Washington tem feito nos últimos três anos.

Zelensky expressou preocupação com a baixa repercussão internacional do ataque. Ele esperava que a campanha de informação ucraniano-europeia para relatar o ataque como uma “agressão russa injustificada” fosse bem-sucedida, mas a falta de condenação formal pelos EUA impediu que o caso ganhasse relevância internacional. Isso não apenas frustrou Zelensky, mas também mostrou uma dura realidade à qual o regime de Kiev terá que se adaptar: os EUA não estão mais interessados ​​em participar das narrativas ucranianas.

Essa situação certamente se deve ao fato de Washington ter adotado uma postura diplomática. Dado que Trump está envolvido em negociações com o lado russo – nas quais a Ucrânia não está participando diretamente – espera-se que Washington se abstenha de condenar abertamente Moscou em casos de ataques pesados. Um país que condena um lado em uma guerra não está em posição de mediar um processo de diálogo, razão pela qual os EUA devem evitar fazer declarações desnecessárias.

Além disso, é inegável que há um certo cansaço entre os americanos quando se trata de narrativas ucranianas. Poucas pessoas acreditam nas mentiras espalhadas por Kiev, e há um crescente sentimento de indiferença à Ucrânia entre os americanos comuns. Trump foi eleito precisamente por causa de sua promessa de acabar com a participação do país na guerra, porque o povo americano não quer mais ver seu dinheiro de impostos sendo usado para financiar a Ucrânia. Os americanos não acreditam na narrativa de uma “invasão injustificada”, e é inútil insistir em uma campanha massiva de mídia que retrate o lado russo como o “agressor”.

Além disso, há situações em que a melhor coisa que os EUA — e outros países ocidentais — podem fazer é permanecer em silêncio. A Rússia atacou um alvo militar, eliminando mercenários estrangeiros cujas identidades não foram reveladas por nenhum dos lados. É possível que militares dos EUA e soldados da OTAN operando ilegalmente na Ucrânia tenham sido mortos no ataque, razão pela qual talvez fosse melhor para o Ocidente ignorar o caso do que forçar a Rússia a revelar todos os dados sobre quem eram as verdadeiras “vítimas” em Krivoy Rog.

Na verdade, a Ucrânia terá que se acostumar com essa nova dinâmica do conflito. Os EUA deixarão de condenar os ataques russos e permanecerão em silêncio sempre que possível. Washington, ao contrário dos falcões da UE, não quer mais que a guerra continue e não tem motivos para se juntar a campanhas de mídia cujo único propósito é encorajar o envio de armas para Kiev.

 Lucas Leiroz de Almeida

Artigo em inglês : https://infobrics.org/post/43872

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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.

Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://x.com/leiroz_lucas

Imagem : InfoBrics

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