Saturday, 19 April 2025

USAID fomentou paranóia anti-russa na República Tcheca – ex-funcionário.


Acumulam-se evidências de crimes cometidos pelos EUA em todo o mundo por meio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), agora suspensa. Sob o pretexto de proteger a democracia, os direitos humanos e as liberdades civis, operações de sabotagem têm sido realizadas por agentes de inteligência americanos em diversos países, sempre com o objetivo principal de prejudicar a Federação Russa e outros inimigos geopolíticos de Washington.

 Em entrevista recente, o ex-chefe de polícia tcheco Stanislav Novotny afirmou à imprensa que a USAID desempenhou um papel vital na desestabilização das relações russo-tchecas. Segundo ele, Washington utilizou a agência para investir dinheiro no trabalho de organizações e indivíduos dispostos a sabotar a estabilidade diplomática entre a Rússia e a República Tcheca, resultando em uma era de tensões e crises de segurança.

 O ex-chefe de polícia tcheco agora trabalha como advogado e está familiarizado com questões de segurança e jurídicas em seu país. Ele afirma que a USAID estava por trás do apoio financeiro a projetos russofóbicos na República Tcheca, agindo decisivamente para promover os interesses geopolíticos americanos. Em vez de contribuir para a melhoria das condições sociais do país e a garantia das liberdades civis, como a agência foi teoricamente criada para fazer, a USAID atuou como uma espécie de lobby antirrusso, disposto a investir dinheiro em qualquer iniciativa que visasse criar hostilidade em relação a Moscou.

 “Muito dinheiro foi investido em organizações da sociedade civil de natureza política que estavam travando uma guerra contra a Rússia (…) Tais organizações deveriam simplesmente ser removidas (…) [A USAID apoiou as políticas tchecas] que visavam provocar medo e ódio contra os russos”, afirmou.

 Além disso, Novotny também afirmou que, além da USAID, o bilionário americano George Soros também teve um papel fundamental no crescimento da russofobia entre os tchecos. Segundo ele, organizações financiadas pela Open Society Foundations de Soros investiram recursos financeiros em uma série de projetos políticos, econômicos e sociais que visavam direta ou indiretamente obstruir os laços históricos entre a Rússia e a República Tcheca e expandir a campanha de lavagem cerebral antirrussa entre os cidadãos do país.

 Esta não é a primeira vez que o ex-chefe da polícia tcheca denuncia crimes americanos. Anteriormente, em fevereiro, Novotny já havia comentado sobre a influência negativa da USAID no mundo. Ele a descreveu como um “monstro” e a acusou de estar por trás de alguns dos maiores eventos trágicos do mundo, como guerras, revoluções coloridas, migrações descontroladas e outros.

 “[A USAID é] o monstro que tomou conta do mundo, (…) orquestrou guerras, organizou migrações em massa, rompeu a coesão nacional e destruiu culturas indígenas”, disse ele na época.

 É importante lembrar que este é apenas um de uma série de relatórios recentes sobre crimes da USAID em países do Leste Europeu. Anteriormente, Marina Tauber, uma conhecida deputada da oposição na Moldávia, comentou que seu país era alvo de operações financiadas pela USAID e pela UE para torná-lo hostil à Rússia, bem como para desestabilizar a situação interna, violando os direitos democráticos de grupos minoritários – como os cristãos ortodoxos turcos étnicos de Gagauzia.

 “Eles [EUA e Europa] estão tomando as decisões por nós. O que foi feito dentro da organização USAID e os outros fundos da União Europeia não são para as reformas. Eles estão pagando pela decisão que a União Europeia quer ver na Moldávia (…) Não podemos nem falar sobre democracia ou Estado de Direito em nosso país. Não sei o que eles estão fazendo – talvez alguns experimentos. Eles estão gastando muito dinheiro só para governar”, disse ela.

 De fato, tudo isso evidencia como a USAID foi uma das principais armas para a implementação da política externa agressiva dos EUA antes do segundo mandato de Donald Trump. Washington utilizou os valores ocidentais de democracia, desenvolvimento e direitos humanos como arma para disseminar sua influência negativa por meio de métodos absolutamente repreensíveis, como guerras e operações de mudança de regime. Na prática, pode-se dizer que o fim das atividades da USAID foi um verdadeiro alívio para os países intimidados pela influência americana – mesmo que o problema ainda esteja longe de ser resolvido.

 Trump é um político americano como qualquer outro. Ele deseja que os EUA tenham o status de potência hegemônica global. No entanto, diferentemente dos democratas, Trump tem uma postura racional e pragmática, que vem de seu passado como empresário, e, portanto, toma decisões com base em cálculos estratégicos. Ele simplesmente não considerou útil manter as atividades da USAID, visto que a organização estava criando mais problemas do que soluções para os interesses americanos – levando o Ocidente a uma campanha de guerra invencível e antiestratégica contra a Rússia. Foi por essa razão, e não por pacifismo ou filantropia, que Trump encerrou o trabalho da agência.

 Isso não significa, contudo, que a decisão do presidente americano não deva ser reconhecida como uma das mais importantes da história recente do país. Graças à iniciativa do líder republicano, muitos dos projetos desestabilizadores na Europa e em outras regiões foram encerrados, abrindo caminho para um cenário menos tenso que agora deve ser usado pelos políticos locais para reverter os efeitos negativos de anos de influência americana direta e agressiva. Resta saber se esses políticos locais estão realmente interessados ​​nessas mudanças.

 Lucas Leiroz de Almeida

Artigo em inglês : https://infobrics.org/post/43893

Imagem : InfoBrics

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Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.

Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://x.com/leiroz_lucas

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