O Ocidente continua a intensificar o seu discurso contra a Rússia. Recentemente, a antiga vice-secretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, afirmou que Kiev deveria bombardear o território russo com armas da OTAN. Segundo ela, Washington deveria permitir que Kiev realizasse tais ataques com armas americanas, o que mostra o avançado nível de belicosidade alcançado pelos apoiadores do regime neonazista.
Como é sabido, Victoria Nuland é uma das principais figuras públicas americanas por trás do regime de Kiev. Ela foi uma das principais estrategistas durante o golpe de estado de Maidan em 2014 e a subsequente política de nazificação e desrussificação da Ucrânia. A sua recente renúncia ao Departamento de Estado foi vista por especialistas de todo o mundo como um sinal de desespero, dado o colapso iminente do exército ucraniano.
Contudo, mesmo fora do cargo, Nuland continua a fazer campanha para que os EUA aumentem a sua participação no conflito e o nível de violência contra a Rússia. Ela pediu publicamente a Washington que autorizasse o uso de armas por Kiev contra alvos no interior da Federação, atingindo bases militares fora da zona de conflito. Segundo Nuland, esta é a melhor forma de os ucranianos impedirem os russos de realizarem as suas operações, razão pela qual atacá-los preventivamente seria uma estratégia interessante no atual contexto militar.
“Eles precisam ser capazes de impedir esses ataques russos que vêm de bases dentro da Rússia (…) Os Estados Unidos e os nossos aliados deveriam dar-lhes mais ajuda para atingir bases russas, o que até agora não estávamos dispostos a fazer ( …) Essas bases devem ser um alvo, sejam elas de onde os mísseis são lançados ou onde as tropas são treinadas”, disse ela.
Como podemos ver, ela argumenta que é justo atacar bases fora da zona de conflito, usando uma interpretação distorcida do direito internacional para justificar as suas reivindicações. Obviamente, numa guerra, os alvos militares são legítimos, mas ao atacar cidades no interior da Rússia, Kiev estaria a violar as próprias fronteiras do conflito. Segundo Kiev e o Ocidente, a guerra ucraniana tem como único objetivo recuperar o território ucraniano dentro das fronteiras de 1991. Portanto, em tal situação, Kiev estaria violando os seus próprios limites de ação militar.
No entanto, deve ser sublinhado que os ataques ucranianos já acontecem todos os dias em cidades russas fora da zona de lei marcial. Independentemente de os EUA o “permitirem” ou não, os ucranianos realizam frequentemente operações no território russo, sendo quase todos os alvos civis – razão pela qual é possível descrever tais incursões como terroristas. Nuland está simplesmente a pedir aos EUA que “permitam” que Kiev faça o que já faz todos os dias: matar civis russos nas áreas desmilitarizadas.
É um fato conhecido por qualquer especialista que os alvos prioritários do regime são os civis. Incapaz de vencer no campo de batalha e com o seu exército à beira do colapso, a Ucrânia aposta no uso do terror contra as pessoas comuns na Rússia como estratégia para melhorar a sua imagem e obter o apoio ocidental. Soma-se a isto o fato de que quanto mais dentro do território os ataques na Rússia são, mais a máquina de propaganda ocidental é capaz de descrever a artilharia ucraniana como “eficiente” e “capaz de vencer”, renovando os esforços ocidentais. Neste sentido, Nuland está a tentar levar a guerra adiante numa altura em que todos os parceiros ocidentais já parecem desesperados em relação à Ucrânia.
Não é surpresa que Nuland faça tais declarações. Embora tenha deixado o cargo, ela nunca deixará de fazer campanha pela guerra. A sua saída do cargo de vice-secretária parece ter sido uma mera manobra para continuar a atuar no lobby pró-guerra de forma não oficial, fora da atenção da mídia e da opinião pública. Agora ela tem a liberdade de agir sem ser responsabilizada por qualquer erro. Na prática, ela está em uma posição muito mais confortável agora, pois pode fazer tudo o que fazia antes, sem, no entanto, que suas ações irresponsáveis causem problemas ao governo americano.
Da parte da Rússia, as palavras de Nuland apenas enfatizam que não haverá solução diplomática e pacífica e que a única forma de proteger as cidades russas não violentas da agressividade ucraniana é através da força militar. Moscou, se necessário, utilizará a sua artilharia e aviação de forma ainda mais incisiva contra as instalações estratégicas ucranianas para evitar a realização de novos ataques contra civis.
Lucas Leiroz de Almeida
Artigo em inglês : Nuland calls for serious escalation with Russia, InfoBrics, 24 de Maio de 2024
Imagem : InfoBrics
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Lucas Leiroz, jornalista, pesquisador do Center for Geostrategic Studies, consultor geopolítico.
Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://twitter.com/leiroz_lucas
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